quinta-feira, janeiro 19, 2006

A (des)inteligência Nacional

Ora viva
Depois deste período de "férias" bloguianas, decidi voltar . Não porque ache que muita gente esteja interessada a ler o que escrevo, mas porque acho que é necessário.

E começamos pelas eleições para a Presidência da República.
Para começar..vamos a números..pois é..nada mais nada menosque 12 milhões de euros é quanto vai custar aos contribuintes anónimos a campanha para eleger-mos um presidente da república.
Um aumento de 60% em relação às eleiçoes de 2001. Eleições presidenciais custam 12 milhões de euros.


Em relação à campanha dos candidatos, só tenho a dizer que está implorável..reflecte bem o estado a que o país chegou.

Um dos últimos acontecimentos da campanha, desta vez acontecendo com o candidato Cavaco Silva em Coimbra.
Ora..reza a história, que, Cavaco Silva estava mais a sua comitiva numa praça em Coimbra, quando de repente insurgem-se 3 indivíduos tentam por uma faxa negra que dizia : " Todos os porcos capitalistas votam Cavaco porque são fascistas".
Eu fico a pensar: "Bem A maioria dos portugueses não sabem bem o que é fascismo e capitalismo".

Mas o pior é que são os próprios políticos portugueses que não sabem ..lol.....e eu penso de novo: Bem se os próprios politicos não sabem ( ou fazem que não sabem) então como é que as pessoas saberão ??!!

Uma pergunta MUITO simples: Se o fascismo é o proteccionismo do estado e um intervencionismo do estado perante toda uma sociedade, então em que é que isso difere do Comunismo ou do Socialismo.???!!
É que, pelo pouco que eu sei, o intervencionismo e o proteccionismo do estado foi práctica corrente de todos os regimes comunistas!

Acho que está na altura de as pessoas saberem o significado das seguintes palavras: Fascismo/Comunismo/Socialismo/Capitalismo.
Verão como á muitas diferenças e igualdades entre elas.

Fecho com esta bela frase lida algures : O Desespero faz ribombar os tambores da baixa política!!

terça-feira, janeiro 03, 2006

Grito de revolta sobre o estado das coisas!

Vi este texto num dos muitos blogs que visito quando o tempo não me é curto.
É um excerto de Guerra Junqueiro - in Patria; e faço dele o meu grito, a minha raiva, o meu descrédito, a minha desilusão pelo estado actual deste país que me viu nascer e onde cada vez mais as pessoas nada fazem pelo sua própria felicidade, pela sua própria dignidade e pelo futuro dos que virão depois deles.

É engraçado como há coisas que nunca mudam neste país.
ONTEM COMO HOJE:

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e estes, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria - A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

"Os políticos consideram-me um poeta; os poetas, um político; os católicos julgam-me um ímpio; os ateus, um crente" - [Guerra Junqueiro, in Pátria]